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28 março 2017

Nevoeiros


«Num dia caótico de trabalho, uma aerogare apinhada de gente e voos atrasados por causa de nevoeiro, como se estivéssemos de novo no auge do Inverno, a minha mente divaga para um local onde se possa sentir mais segura, mais escondida de tanta confusão, resguardada de algum descrédito na humanidade. É difícil conter o descontentamento de dias laborais cada vez mais difíceis de gerir em sossego, é estranho perceber como as pessoas se transformam tão veemente perante adversidades temporárias e como nos surpreendemos negativamente com aqueles de quem menos esperámos tais atitudes.
 Talvez nem sempre as pessoas ajam em consciência total de que os seus actos provocam mal estar alheio, que deixam para trás ambientes pesados e desconfianças difíceis de ultrapassar, talvez também andem preocupadas, irrequietas, desiludidas mas tudo isto não deve ser razão para drásticas mudanças de atitude nem faltas de respeito para com aqueles que não são culpados por vicissitudes da vida ou azares pontuais.
 Em dias de confusão parece haver o clima perfeito para cairem máscaras, para se descobrir quem consegue ultrapassar-se e quem prefere atirar os seus erros para cima dos demais, esconder situações menos favoráveis ou ocultar o que de certo é feito pelos seus colegas de profissão. E tal como no emprego também na vida pessoal nos deparamos em dias assim com falta de camaradagem, falta de diálogo ou simplesmente com silêncios desnecessários e surpresos.
 E a vida torna-se uma roda viva de emoções oscilando entre o sol e o nevoeiro, como o de hoje que trouxe difíceis tarefas de sossegar a voz para ultrapassar desavenças; creio cada vez mais que na maioria das vezes é melhor aquietar a mente, passar despercebida, ultrapassar pacificamente as oito horas de trabalho e cumprir com as minhas tarefas com confiança de que mais dias virão sem que o "mal" esteja sempre atrás da porta...»

27 fevereiro 2017

Agora sei porquê!


 Travei batalhas, não entendendo porque sempre as perdi
 Galguei muros e defesas, não percebendo as constantes quedas.
 Senti o coração apertando-se a cada ano, um vazio inexplicável
deixando-me inacabada, sem rumo certo.
 Vagueando por florestas de tristeza, nadando em mares revoltos
por entre noites frias em dias de verão sem sol; que olhar o meu,
sempre triste e distante, tentando enxergar um pequeno caminho
onde pudesse encontrar-me.

 E a maturidade dos 30 não resolveu, a chegada dos 40 foi pior;
 Acasos sempre impossíveis de manter e relações antecipadamente mortas,
espinhas mais que rosas e uma penumbra em noites de solidão…
até àquele instante imprevisto, um ricochete no peito e uma súbita claridade no olhar perdido.
 A luz ao fundo, a clareza do teu olhar meigo e distinto, o teu sorrir sem malícia,
a conspiração de universos aparentemente tão diferentes mas iguais na essência.
 Onde andaste? Porquê a demora em me acolheres, em escolheres-me sem dúvida
de que te daria o paraíso mesmo em dias de inferno?

 Ai amado, tu que foste o único a repor os batimentos de um coração envelhecido na certa medida,
tu que és a minha fortaleza e o meu sentido, o mar calmo onde não perco o pé,
a estrada com rumo certo e o sol nas manhãs de inverno;

 Agora travo batalhas, mas sei como as venço
 Galgo muros e estás lá se por acaso escorrego.
 Sinto o coração resfolegar a cada dia, o peito cheio
deixando-me completa, com passos certos.
 Vagueio por bosques de magia, nadando em águas cristalinas
por entre noites cálidas em dias de primavera sem lua; que olhar o meu,
sempre alegre e fixado, encontrando o seguro caminho

onde todos os dias me encontras, onde cada dia te amo!

22 fevereiro 2017

Ela é aquela que...


"Ela não é fácil de entender, não conseguirás decifrá-la nos primeiros encontros porque não se dá facilmente a conhecer, não se entrega a qualquer um e sabe que só será feliz com aquele que lhe despertará a magia que guarda tão secretamente no coração sofrido.
 Ela é quieta, de poucas falas quando a encontras pela primeira vez e pensarás que talvez não esteja na mesma sintonia que tu mas é só uma defesa natural que conseguirás derrubar se estiveres disposto a conhecer a Lua e o Sol numa mulher só.

 É singela, cuidadosa e tem um desassossego no olhar que te surpreende quando precisas de um ombro onde poisar teus pensamentos; é livre de preconceitos, não se deixa intimidar por qualquer guerrilha diária nem se abate com o primeiro obstáculo que apareça em dias revezados, com ela sabes que as lutas diárias serão sempre ganhas no que depender da sua força interna e do seu sorriso desarmante.
 A vida já se acostumou às suas questões, o tempo já lhe conhece as feridas e como as conseguiu remendar e o amor que lhe transborda o peito já nem consegue chamá-la à razão quando se perde em novelos desorganizados e se fere, sangrando dias a fio...
 Ela ri da mais simples anedota, chora no mais comum dos filmes, desbrava caminhos sem saber o que a espera, levanta-te o ânimo sem que precises pedir, sai a meio da noite se estiveres em apuros e sente o mundo como seu palpitando a cada alegria alheia. Com ela não estarás muito tempo triste, não terás tempo de te acostumar, não perderás o sentido quando a vida te parecer inconstante e nem precisarás de questionar os seus actos ou dominar suas palavras, ela será um livro aberto assim que sinta que és tu aquele que lhe estava destinado.
 Mas não te percas em rumos alheios à vossa felicidade, não traias o bem mais precioso que te ofereceu: a sua confiança; sê gentil porque ela assim merece, fá-la sorrir sempre que a olhares como se olha uma rosa florescendo, cuida do seu corpo alimentando-lhe a alma e nunca lhe digas que se acalme, perderá a sua essência e jamais encontrarás alguém como ela: louca e desmedida porém sensível e comprometida.
 Ela não é fácil de encontrar, não serás capaz de a percepcionar nos primeiros actos de amor e ficarás intrigado se te deseja fugazmente ou te conseguirá amar desmedidamente; e isso meu caro é a única coisa que necessitarás de saber quando ela te olhar pela primeira vez e te sorrir como nunca te sorriram, porque ela é a Lua que te ilumina a noite e o Sol que te aquece os dias!"

31 janeiro 2017

Senti(n)do

credit: Archan Nair
«Antes da tua existência a minha vida era calma, previsível, caminhava por estradas conhecidas sem grandes surpresas e tudo se ia compondo; talvez não houvesse tanta magia, tanto desconcerto e muito menos emoção à flor da pele mas sentia-me dona de mim, cria eu.
 Porque me tentas os sentidos, deixando a cada breve partida um sabor de boca amargo?; os dias tornam-se mais conquistados entre nós mas a saudade implica-se, entranha-se na pele nos dias em que as ausências pesam sobre a alma dorida.
 Percebi que tal controlo era fictício, que essa dita normalidade não me fazia feliz, não me completava e a cada ano passado me sentia mais insatisfeita, com uma maturidade sem companhia idêntica.
 Não tivesse esse dia acontecido, quando os nossos olhares se cruzaram e um sorriso meu te acordou para algo tão surpreendente, e jamais saberia o que é de facto respirar, sorrir...uma vida de incógnitas agora com respostas claras e uma vontade comum de caminhar por estradas coloridas.» 

30 janeiro 2017

O tempo em nós.


Há uma serenidade no teu olhar que por vezes me deixa inquieta.

Existem pequenos detalhes no teu corpo que já conheço de cor, respostas que antecipo em dias menos agradáveis, pensamentos que te passam pela mente em dias de separação temporária que consigo percepcionar antes que me peças apenas um abraço, sem respostas ou sugestões; sei que há dias mais difíceis de ultrapassar, memórias mais complicadas de "enterrar" mas todas as vicissitudes de estar vivo nos completam, nos dão força e energia para as batalhas que realmente são essenciais vencer.

Entre dias mais ásperos e outros que nos surpreendem com pequenas magias vamos conciliando tempo que nos é tão precário, que nos é tão especial para manter uma chama acesa.
Há nesse teu sorriso uma tristeza que por vezes se abate e me faz carregar contigo o peso de uma vida combativa, há no teu rosto porém uma certeza de teres cruzado meu caminho na altura certa mesmo eu sabendo que mais acertada poderia ter sido se o destino nos tivesse apresentado anos antes.

E o tempo em nós que ata e desata laços, que nos une e nos aquece em momentos de noites passadas juntos, com os corpos dialogantes e as certezas inconstantes, ultrapassadas no tempo que solidifica, aparta e reúne outra vez.