28 março 2017

Nevoeiros


«Num dia caótico de trabalho, uma aerogare apinhada de gente e voos atrasados por causa de nevoeiro, como se estivéssemos de novo no auge do Inverno, a minha mente divaga para um local onde se possa sentir mais segura, mais escondida de tanta confusão, resguardada de algum descrédito na humanidade. É difícil conter o descontentamento de dias laborais cada vez mais difíceis de gerir em sossego, é estranho perceber como as pessoas se transformam tão veemente perante adversidades temporárias e como nos surpreendemos negativamente com aqueles de quem menos esperámos tais atitudes.
 Talvez nem sempre as pessoas ajam em consciência total de que os seus actos provocam mal estar alheio, que deixam para trás ambientes pesados e desconfianças difíceis de ultrapassar, talvez também andem preocupadas, irrequietas, desiludidas mas tudo isto não deve ser razão para drásticas mudanças de atitude nem faltas de respeito para com aqueles que não são culpados por vicissitudes da vida ou azares pontuais.
 Em dias de confusão parece haver o clima perfeito para cairem máscaras, para se descobrir quem consegue ultrapassar-se e quem prefere atirar os seus erros para cima dos demais, esconder situações menos favoráveis ou ocultar o que de certo é feito pelos seus colegas de profissão. E tal como no emprego também na vida pessoal nos deparamos em dias assim com falta de camaradagem, falta de diálogo ou simplesmente com silêncios desnecessários e surpresos.
 E a vida torna-se uma roda viva de emoções oscilando entre o sol e o nevoeiro, como o de hoje que trouxe difíceis tarefas de sossegar a voz para ultrapassar desavenças; creio cada vez mais que na maioria das vezes é melhor aquietar a mente, passar despercebida, ultrapassar pacificamente as oito horas de trabalho e cumprir com as minhas tarefas com confiança de que mais dias virão sem que o "mal" esteja sempre atrás da porta...»

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